CHORUME ESCORRIDO

CHORUME ESCORRIDO

 

Que sirva de exemplo o fiasco,

De haver louco que se faz rei,

Seja em Roma, Berlim ou Damasco,

Ou impérios que houve e nem sei.

 

Já tivemos tiranos aos montes,

Quase sempre envoltos em guerras,

Com a aura de chifres nas frontes,

Como fossem os diabos da Terra.

 

Eles se escondem com máscaras,

Dizendo não ser o que são,

E são fétidos embaixo das cascas,

Qual chorume escorrido no chão.

 

Não esqueçam de Calígula e Ivan,

Nem de Hitler, Leopoldo e Herodes,

Pois mataram até mães e irmãs,

Com desdém aos humildes e pobres.

 

Toda elite se comporta com usura,

Como se fossem donas da fonte,

Sem pudor ante a dor da procura,

Que nos faça rever o horizonte.

 

Todos temos um dia acordados,

Sob a luz de um sol radiante,

Mesmo quando dormimos ao lado,

De líquens e sombras de antes.

 

Tudo gira nos tempos da luz,

Na evidente vitória do caos,

Visitando com vida ou a cruz,

Desde quando há bons e maus.

 

Mas um dia o ciclo se completa,

E seremos humanos ou melhores,

Pois a vida é proposta concreta,

Como o luto de servo e senhores.