REGRAS DE VIDA EM CORPOS MORTAIS

REGRAS DE VIDA EM CORPOS MORTAIS

 

As regras da vida hoje são sociais,

E preparam pra vida sem dar alegria,

E nos faz ter a casa sem quintais,

Pois o jardim já virou nostalgia.

 

Queremos apenas ter certificados,

Dizendo assim, que somos alguém,

Se é que vivemos somente de dados,

Tecendo as colchas de Matusalém.

 

Queremos ter os anos na soma,

Esquecendo do rastro que vale,

Vivendo dentro de cada redoma,

Com medo que a morte nos cale.

 

Fingimos ter um Deus semelhante,

No afã de ter os dons do poder,

Pintando num quadro o semblante,

De como Deus poderá vir a ser.

 

Só que Deus não perece nem vence,

Porque o eterno não vai competir,

Pois não há mais fé num doente,

Quando a mente só quer o elixir.

 

Vivemos drogados pelo que vemos,

E até viciados no êxtase do sono,

Porque assistimos o coito de Vênus,

Sem saber que traduz o que somos.

 

Os arquétipos gregos ainda afloram,

Até se buscamos razões para Deus,

Porque são apegos dos que namoram,

Ou são as desculpas de entes ateus.

 

Enquanto a Terra escorre no vácuo,

Nós vamos ao templo e aos portais,

Onde esquecemos do fogo que é fátuo,

Quando há somente corpos mortais.