PRETÉRITO E FUTURO
PRETÉRITO E FUTURO
Ser de fato um pretérito,
Me cobra por ser perfeito,
Embora nem todo inquérito,
Seja, de todo, imperfeito.
Conheça meandros da parte,
E logo verás o que digo,
Pois nunca serás só de arte,
Desde que só vivas de artigo.
Um fruto pode ser demência,
Se o caule estiver no caqueiro,
Exposto ao solo da essência,
Do louco e infeliz jardineiro.
Mas quando eu broto 'in natura',
Serei mais consolo que a dor,
E os galhos terão a textura,
Da sorte de quem escapou.
Mas guardo a lembrança do voo,
Que teve a semente 'post mortem',
Desde que foi cingida do enjoo,
E tão logo escapou pela sorte.
Qual sorte foi não ter rochedo,
Cobrindo a planície da queda,
Mas o solo macio do terreiro,
Molhado e nutrido pra festa.
E assim poderás ter futuro,
Mesmo na pele em remoço,
Sabendo que verde ou maduro,
São artes de quem foi caroço.