BUCÉFALO E OS REIS

BUCÉFALO E OS REIS

Imagino-me sendo Bucéfalo,
No papel de um Senador,
Com o Selo Real manifesto,
Cavalgando sob o Imperador.

Que ao menos era um homem,
O qual tinha mais que o pendor,
Da esperança e fé que nos une,
Mesmo quando era Rei e Senhor.

Pois estive a galope no mundo,
A caminho da Ásia ou Belém,
Mesmo quando a cair moribundo,
Nas batalhas que trazem o além.

Vale a pena ser mais que cavalo,
Se quem monta tem dignidade,
Diferente de bestas que encaro,
Como reis no Brasil sem verdade.

E meu povo segue enganado,
Na hipnose de um êxtase chucro,
Chacoalhando como um tornado,
Destruindo até nosso luto.

Pois estamos morrendo aos tantos,
Sendo gado perante o açougueiro,
Sem vacinas ou mesmo acalantos,
Cortejando o diabo e o falseio.