Soslaio

Quantos são
esses tantos invisíveis
aos olhos de muitos?
Quanto são esses ignorados?
Tantos que podem
ser incríveis
mas não estão juntos
a quem os enxerga de lado

Uns que crianças
ainda são
outros que idosos
já estão...
Esses cuja esperança
está na contramão
Que não são perigosos
mas são vistos como chão
lodo, limo, visgo, lama,
solidão

Qual deles
a vida por algum desvio
não lhes deu condição?
Qual desses no frio
ou mormaço
o tempo negou abraço
e o poeta usou na inspiração?

Qual que indigente
virou pintura
escultura
cinema ou canção
e que só assim, como arte,
a sociedade
tem admiração?

Eu falo dessa gente
que mora na rua
cujo teto são as estrelas
ou ruínas de paredes tombadas
e portanto, sem telhas
Eu falo de pessoas abandonadas
cuja cama é o beco
a beira da estrada
mas que inda tem
um coração
que nao pulsa seco
pois que como todo humano
ainda têm suas centelhas



04-01-2018
11h56min

Meu amigo e nobre poeta, Stelo Queiroga, em mais uma belíssima interação:

"Ela me vê de soslaio... 
e eu, em versos, me esvaio."

Obrigado!!!

*Retirantes é uma pintura feita em 1944 pelo artista brasileiro Cândido Portinari
Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 25/07/2020
Reeditado em 27/07/2020
Código do texto: T7016213
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.