NA MIRA DOS CANOS

NA MIRA DOS CANOS

Estava na praça,
Mas também na floresta,
Se a fome não é farsa,
E nos franze a testa.

Dentro de casa parado,
Ou na jaula sem pressa,
Eu conheço um coitado,
Que morre tendo promessa.

Naquela dura miséria,
Padecendo em seus dias,
Se a dor lhe é tão séria,
Faminto pelas covardias.

Só vejo toda ganância,
Reinando em loucas folias,
De poucos na vil infâmia,
Cheios de mil regalias.

Nesse País de tiranos,
Que já foi terra de alegria,
E que já teve a esperança,
Como regra que contagia.

Já não há mais brasileiros,
Mas só um povo em agonia,
Frente a toscos políticos,
Que nem sabem ser seus guias.

Vendem tudo à vista,
Até meu olho que via,
Usando faixas e fogos,
A me enganar todo dia.

E fico na mira dos canos,
Daquelas armas e esgotos,
Que matam a todos humanos,
Nas mãos e bocas de escrotos.

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