Becos e Vielas

Por entre os becos e vielas

As sobras rente às sombras

Peças velhas sob as velas

Êxtase, delírios, lombras.

O alicerce jaz em pedaços

O alheio em sua indiferença

A espera em pés descalços

A mesmice de sua crença.

Nos dejetos a rejeição

Na sujeira há liberdade

Frases ditas sempre em vão

Atitudes que causam alarde.

Por entre as fezes e urinas

Os choros de ódio e dor

À margem pelas esquinas

Visíveis agora por sua cor.

Mundo entregue às orações

Frio e fome de braços dados

Método covarde sem soluções

Vida à deriva, sonhos arruinados.

Migalhas, olhares, introspecção...

O relógio sem nenhum ponteiro

Loucura abraçada à própria razão

Assassino à solta com ar sorrateiro.

Por entre calçadas e alçapões

A multidão vazia em conceitos

Trilhas, tralhas, transgressões

Almas podres em seus leitos.

Bíblias vastas em mãos imundas

Raciocínio ilógico que fere o real

Palácios de ouro em mentes inundas,

do amor em questão, às custas do mal.