DRAMA

Gira a sorte e a morte;

Na roleta viva;

Sangue espalhado no chão;

Na linha à baixo da pobreza;

Caos!

Grito, abafado exclamar: " Onde estás Deus!"

O sangue escorre como navalha na carne;

Pelos dedos dos erguidos aranha-céus;

Pelas montanhas infiltra-se na areia da terra;

Nasce sementes de fel;

E, na nascente do rio, mistura-se n'água doce, amargor!

Quantos corpos submergidos pela irá dos anjos;

Acima da linha da riqueza;

Luta, suor, dor, agonia, pranto, saliva, cuspe...

Ah! não falei do lixo médio alerta a tentar...

Ganhos, perdas, próspero, deserto ermo da natureza...

Ponho no centro da rua nua;

Sou a dor que ferve pelo sangue que em corpos borbulha em mim;

Sou o terço que reza por glórias nas inglórias;

Um pedaço de mim;

Numa noite, estranha noite;

Rezo, canto, o rosário apresado dos lazarentos;

Caídos em fome, miséria feita de gordura, baba e suor, fedor!

Gente correndo paralisados;

Busca num estranho deserto, colorir o escuro breu...

E na vontade santa que clama e declama;

Não mudar-se-á aos filhos teus;

Homens, mulheres, conceito...

Bichas, vadias, prazeres, cerveja...

Safadeza, orgia, nas igrejas dos mistérios dos eus...

Quão perdidos somos e estarmos paralisados na costa da inconsta;

A banda toca, passa!

Somos caravanas em bandos;

Metade de um por vir...

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 27/06/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6682622
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