DRAMA
Gira a sorte e a morte;
Na roleta viva;
Sangue espalhado no chão;
Na linha à baixo da pobreza;
Caos!
Grito, abafado exclamar: " Onde estás Deus!"
O sangue escorre como navalha na carne;
Pelos dedos dos erguidos aranha-céus;
Pelas montanhas infiltra-se na areia da terra;
Nasce sementes de fel;
E, na nascente do rio, mistura-se n'água doce, amargor!
Quantos corpos submergidos pela irá dos anjos;
Acima da linha da riqueza;
Luta, suor, dor, agonia, pranto, saliva, cuspe...
Ah! não falei do lixo médio alerta a tentar...
Ganhos, perdas, próspero, deserto ermo da natureza...
Ponho no centro da rua nua;
Sou a dor que ferve pelo sangue que em corpos borbulha em mim;
Sou o terço que reza por glórias nas inglórias;
Um pedaço de mim;
Numa noite, estranha noite;
Rezo, canto, o rosário apresado dos lazarentos;
Caídos em fome, miséria feita de gordura, baba e suor, fedor!
Gente correndo paralisados;
Busca num estranho deserto, colorir o escuro breu...
E na vontade santa que clama e declama;
Não mudar-se-á aos filhos teus;
Homens, mulheres, conceito...
Bichas, vadias, prazeres, cerveja...
Safadeza, orgia, nas igrejas dos mistérios dos eus...
Quão perdidos somos e estarmos paralisados na costa da inconsta;
A banda toca, passa!
Somos caravanas em bandos;
Metade de um por vir...