[Destempero]

Para o homem...

Os sapatos, são mais importantes que os pés.

Os anéis, mais necessários que os dedos.

O preço da roupa, define o tamanho da fila.

A fama é passaporte para as certezas,

E a dúvida, apenas pra quem tem fome.

É importante, quem tem nome nas revistas.

Mesmo que seja por cinismo...

Ser “descolado” é depender dos próprios pais,

Problematizar na web é passatempo de quem vaga nas horas.

Realidade só bate na porta de quem sobrevive,

Perdendo tempo, sendo jumento de um estado social.

Enquanto a honestidade parece ser item raro

Em uma sociedade de ideologias recicladas.

Gravatas bonitas

Acompanhadas por discursos vazios,

Fé cega, que cega até quem se diz “pensante”.

No circo da mídia

A vida é prato raso, servida morna...

Com destempero casual dos jornais.

O cheiro do ralo,

Não afeta condomínios fechados,

Porque podre é quem não tem rosto

Em um mundo feito de fotos falsas.

Os profetas contemporâneos

Vendem livros sem solução,

Repetem discursos batidos

Pra fugir da realidade, evitar o obvio...

Que aflige de Sócrates ao seu Zé povão.

Pablo Danielli