A Síria é aqui!
Vejo a miséria,
que salta, dos olhos inocentes
Ouço as mentiras
Que regojitam,
políticos e a mídia...
Vejo o sofrimento
Escorrer pelos lábios e rostos
de pessoas de bem,
que além de terem de subexistirem
Subviverem ás margens do direito!
Canso de presenciar
Bebês, crianças, adolescentes,
homens, mulheres e idosos
Se tornarem tristes estatísticas,
Um número e mais nada...
Seus sonhos e direitos,
Serem roubados por seres inescrupulosos...
Todos somos vítimas da ganância,
Do poder e da demagogia...
Enquanto meia dúzia,
tem ambição de milhão,
Outros vaidessem-se
E agradecemos por termos
um prato de ovo, arroz e feijão...
Uns trapos para vestir
Uma roupa mais ou menos
Para a missa assistir...
A criançada é obrigada
a se contentar
À seus brinquedos rústicos
E brincadeiras inventar,
E boas estórias
dos mais velhos escutar...
E terem antes de dormi
Oque jantar
E pai e mãe sobe um teto
para seus sonhos velar...
Já quando adolescentes,
pela vida vão se embrenhar,
Em um universo de sonhos,
conforto e fama
que se vende
na propaganda...
Onde ser é estar,
Querê é poder,
E o mundo seja como for
tu vai ter conquistar
Ou se curvar...
O governo nos empurra
Uma educação frajuta
uma escola sucateada,
ultrapassada, e desmoralizada,
Onde dizem que lá podemos aprender
a ser é se preparar para nesse admiravel
mundo engreçar...
Que infelismente não agregam
E não vão formar tantos cidadãos
Como a ilusão e as lições
Vendidas pela propaganda
consumista, que nos joga
Nas garras do mundão...
Muitos sucumbirão,
Pois a eles a tentação,
Vem sem piedade,
Arrebata-los
com sua malícia
e seu jogo de sedução...
De mil,
um se torna
craque da bola
De dez mil,
uma se torna
modelo famosa
De cinqüenta mil,
um se torna
artista consagrada
De cem mil um se tornará
um empresário bilionário,
Mais com certeza
a maior parte se tornará
Parte de uma trágica história...
Onde estão,
já por uma questão
De gênero, raça, religião,
e classe social,
Predestinados,
a marginalidade,
neste mundo cão!
Coptados pelo tráfico
Inseridos nas drogas
Alienados em conquistas rápidas
E uma vida de cangaço...
A maioria não chegarão
a completar Dezoito anos,
os que passarem,
farão faculdade em uma prisão...
Como dita a estatística,
No Brasil 2000 jovens,
morrem por dia,
Tombados em algum
beco da periferia...
São eles negros,
pardos, cafusos,
mestiços, nordestisnos,
quase brancos,
porém todos favelados,
de classe C- e D
em suma maioria,
E provavelmente,
o restante será candidato
A uma vaga nas colônias do estado...
A Síria é aqui!...
Onde bombas e balas
Voam por aí...
Onde a guerrilha urbana
Faz vítimas todo dia
De hora em hora
Cai uma família em agonia...
Onde a corrupção patrocina
A miséria e o genocídio
Onde o egoismo,
e a falta de compaixão,
alimenta a insegurança,
Onde o xenofobismo,
a intolerância e ganância
Promovem uma limpeza étnica
Varrendo do mapa toda a aquarela
Onde a lei e a ordem
Servem a poucos
E faz de nós outros marionetes,
E nessa guerra urbana refém...
Onde ninguém está em segurança
Nem pobre e nem rico
Nem preto, mestiço ou branco
As mães da pátria em luto
Andam em prantos
E o verde e amarelo caio
Deixando a meio mastro,
Um pano vermelho e negro
Como bandeira.
Por Alexandre Samambaia