À Duras Penas

à duras penas vou vivendo a vida.

à duras penas chega-se ao fim mais um dia.

à duras penas vão cicatrizando as feridas.

à duras penas Oscar Wilde eu lia.

é sempre a mesma coisa toda hora e minuto

somente os belos traços da morena amada

deixa-me menos puto e subtrai meu luto

da santa guerra declarada.

erra quem pensa que isso vai passar

vou pagar recompensa para quem fizer parar

vou distribuir pôsteres das cabeças a prêmio.

feito pilatos, vou lavar as mãos e deixar que o povo decida

o que fazer com esses vermes homicidas

que explodem prédios à bel-prazer

enchendo de terror e tédio, o teu e o meu ser.

às duras penas vou atacando, precocemente, a vida.

drogas, mulheres, belas canções e batatas fritas.

vou tentando ser eremita no deserto do meu ser.

e minha ganância aflita,castiga e me faz ver

que cada coisa vem a seu tempo

e que meu tempo, é o tempo de esperar.

não vou matar dentro de mim

aquilo que me faz oscilar

todo dia entre a monotonia e a orgia.

às duras penas vou levando a vida.

às duras penas chega-se ao fim mais um dia.

às duras penas, vem à luz, a noite parida

e já é hora de sonhar e viajar na fantasia.

Venerável Beda
Enviado por Venerável Beda em 04/03/2018
Código do texto: T6270830
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