À Duras Penas
à duras penas vou vivendo a vida.
à duras penas chega-se ao fim mais um dia.
à duras penas vão cicatrizando as feridas.
à duras penas Oscar Wilde eu lia.
é sempre a mesma coisa toda hora e minuto
somente os belos traços da morena amada
deixa-me menos puto e subtrai meu luto
da santa guerra declarada.
erra quem pensa que isso vai passar
vou pagar recompensa para quem fizer parar
vou distribuir pôsteres das cabeças a prêmio.
feito pilatos, vou lavar as mãos e deixar que o povo decida
o que fazer com esses vermes homicidas
que explodem prédios à bel-prazer
enchendo de terror e tédio, o teu e o meu ser.
às duras penas vou atacando, precocemente, a vida.
drogas, mulheres, belas canções e batatas fritas.
vou tentando ser eremita no deserto do meu ser.
e minha ganância aflita,castiga e me faz ver
que cada coisa vem a seu tempo
e que meu tempo, é o tempo de esperar.
não vou matar dentro de mim
aquilo que me faz oscilar
todo dia entre a monotonia e a orgia.
às duras penas vou levando a vida.
às duras penas chega-se ao fim mais um dia.
às duras penas, vem à luz, a noite parida
e já é hora de sonhar e viajar na fantasia.