Devolva-me o Livro
Driblo o suicídio todos os dias e ergo brindes ao anoitecer.
brindo taças de cristal
e santos sacrifícios faço para não enlouquecer.
interpreto a mensagem cifrada da morte em goles de cicuta
tomando "porres" homéricos e ainda forte sigo minha luta.
dia-após-dia, noites-após-goles
de bar-em-bar, em busca de novos amores
minha dependência, além de blues, são teus seios moles
e a permanência da lucidez em mim
depende da língua tua e de teus favores.
Driblo a idéea covarde de ser medíocre sempre que, linda, a vejo
permaneço intacto e salvo até ao anoitecer
jejuo de ti às vezes, até do tato de meus lábios nos teus beijos
mas é um fato, meu alvo ao lhe ver, acerta tua lança, flecha teu prazer.
vamos cerrar os olhos e dormir em sono profundo
e ao acordar, ter certeza que estamos num novo mundo
sem fome e muita comida à mesa
a sede de justiça saciada e livros de Direito para sobremesa.
vamos dar banho em nossos atos imundos
e banir a idéia de dar cabo a nós mesmos
vamos aprender a manha do velho mundo
e sermos felizes a esmo.
de cama-em-cama, mesmo que "Treponema pallidum" eu pegue
voando em busca da fama mesmo que eu peque
quero achar-te minha dama, sugar-te qual cicuta até que seques
e sorvê-la feito puta até estar de pileque.
Superarei o drama de pôr "termo à vida"
e agendarei nosso programa às sete
emprestarei " Cristiane F " para que leias e darei fim ao canivete
que além de cortar laranjas, iria cortar minhas veias
a importância de ter-te é real, creia
por isso devolva-me, pessoalmente, o livro.