Devolva-me o Livro

Driblo o suicídio todos os dias e ergo brindes ao anoitecer.

brindo taças de cristal

e santos sacrifícios faço para não enlouquecer.

interpreto a mensagem cifrada da morte em goles de cicuta

tomando "porres" homéricos e ainda forte sigo minha luta.

dia-após-dia, noites-após-goles

de bar-em-bar, em busca de novos amores

minha dependência, além de blues, são teus seios moles

e a permanência da lucidez em mim

depende da língua tua e de teus favores.

Driblo a idéea covarde de ser medíocre sempre que, linda, a vejo

permaneço intacto e salvo até ao anoitecer

jejuo de ti às vezes, até do tato de meus lábios nos teus beijos

mas é um fato, meu alvo ao lhe ver, acerta tua lança, flecha teu prazer.

vamos cerrar os olhos e dormir em sono profundo

e ao acordar, ter certeza que estamos num novo mundo

sem fome e muita comida à mesa

a sede de justiça saciada e livros de Direito para sobremesa.

vamos dar banho em nossos atos imundos

e banir a idéia de dar cabo a nós mesmos

vamos aprender a manha do velho mundo

e sermos felizes a esmo.

de cama-em-cama, mesmo que "Treponema pallidum" eu pegue

voando em busca da fama mesmo que eu peque

quero achar-te minha dama, sugar-te qual cicuta até que seques

e sorvê-la feito puta até estar de pileque.

Superarei o drama de pôr "termo à vida"

e agendarei nosso programa às sete

emprestarei " Cristiane F " para que leias e darei fim ao canivete

que além de cortar laranjas, iria cortar minhas veias

a importância de ter-te é real, creia

por isso devolva-me, pessoalmente, o livro.

Venerável Beda
Enviado por Venerável Beda em 21/02/2018
Reeditado em 21/02/2018
Código do texto: T6260362
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