Vícios e lirismo

O lirismo é meio que uma doença da qual vivemos. Doença do ser. É viciante, é vicioso. Então roda em si como se transcendesse, grita sem espernear para o infinito do querer. Uma voz brilhante e monótona gira e transcende, modela a cerâmica de uma personalidade que precisa se inventar pelos versos, como se percorre o corpo de alguém. Ou morre derretendo-se pelas notas mui numerosas de um elevado choro que se deixa ser ou se leva para não morrer despedaçado face a realidade sugante, contra a qual se pode, então, gozar de vez ou lutar voraz e criminalmente para inefavelmente ajoelhar-se para o destino que o espera, contra o qual haveremos de nos felicitar com o sorriso da morte, quando nos fundirmos à massa da qual somos parte, transcendendo a vida que é mais do que se pode dar ou suportar, da qual verdadeiramente se foi vítima acima de todas as semelhanças, e assim tornou-se seu protagonista, numa melodia através do infinito.

Um lado obscuro, para variar um pouco. Depois de ouvir Pink Floyd.

Dangerous
Enviado por Dangerous em 08/01/2018
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