Mulher solte sua Voz

Antes que o dia amanhece,

Ela vai à luta,

Ora, faz uma prece,

Vai pra labuta.

No trajeto observa as pessoas, os lugares,

Os gestos e olhares.

Logo cedo o trem lotado,

Cada um vai se ajeitando num espaço apertado.

Ali a lei da física deixa de funcionar,

Onde dois corpos ocupam o mesmo lugar.

Antes quisera parar por aqui essa trajetória,

Mas tem um fato que não me sai da memória:

O trem estava lotado,

Ela tentava se esquivar

E olhava pro lado

Pra alguém notar

O seu olhar assustado.

Quando viu aqueles olhos vermelhos arregalados,

Com ódio no olhar ela pediu pra ele se afastar,

Mas, não demorou quase nada,

Já na próxima parada,

Novamente nela ele se encostou,

se esfregou.

Ele vestia uma calça tactel,

Ela sentiu o gosto amargo do fel.

Desgraçado e cruel.

Ela tentou se virar,

Já ficando sem ar,

Naquele lugar abafado,

Gente pra todo lado.

Bem ao seu lado um homem nem se mexia,

Ela pra ele olhava,

Seu olhar aclamava,

Mas ele nem via.

Ela começou a tremer e ficou sem reação,

Suas mãos suavam e disparado estava seu coração.

Quando de repente, percebeu que alguém já iria se levantar

E rapidamente, se esquivou até conseguir se sentar.

Quando se sentou a única reação foi começar a chorar.

Ela tremia e chorava,

Alguém só comentava,

Mas não a perguntava.

Assim como essa mulher foi vítima de abuso sexual e não teve reação,

Muitas mulheres são vítimas todos os dias nos trens, ônibus e lotação.

Agora eu te digo,

Escuta e vem comigo,

Temos nosso direito,

Busque o respeito,

É o que eu sigo.

Guerreira, Batalhadora,

Mostre quem é Agressora.

Levante, solte essa voz,

Sem algoz,

Seja defensora.

Se tiver que gritar,

Vamos lá,

Esses vermes, temos que denunciar.

Não tem segredo,

Perca seu medo,

Não deixa ele te calar...te calar...

.... Não tem segredo,

Perca seu medo,

Não deixa o medo te calar.

Débora Ananda
Enviado por Débora Ananda em 31/08/2017
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