VERDETE
Desço escadas, passo a passo;
Degraus fartos de verdete, nas
Esquinas das ruas, perpassam
A pobreza mais pobre – vultos
Inconformados, deambulam de
Cá para lá, buscando o instinto
Da sobrevivência, no olho que
Tudo pode, tira e retira.
É pois o próximo passo a dar o
Grito, inconformado e distinto,
Enquanto os corpos agonizam,
Por um pouco de terra tão sua.
Bêbadas pedras de calçada unem
Esforços simétricos, alicerçando
Torres de marfim, no coto
Incestuoso dos vitrais assimétricos.
Prédios de betão armado içam
A aglomeração destas pobres gentes;
Não há nada aqui que se possa fazer
Senão esperar a bonança
E o regresso às origens, tão longe
E tão perto de se tornarem numa
Realidade, que fará, do homem,
A saudade de outros tempos áureos.
E o sujeito caminha na escuridão
Da noite, pensativo e comprometido.
Chegará o dia em que todos
Terão o seu espaço e a sua liberdade.
Jorge Humberto
09/08/07