DESAMPARO

Quando o céu azul tornou-se cinzento,

e o vento arrebatou a última camisa do varal,

choveu incertezas,

casa levada pelo vendaval.

A fome sentou-se à mesa,

senhora exigente, olhar obscuro,

barriga de desejos, de empregos, desnudo.

Tão fácil perda de fronteiras,

mesmo se empenhando, procura,

deserto de bons pensamentos,

graveto queimando, loucura.

Tantos males encarnando,

Tantas mãos desamparando.

Dom quixote parado, esperando soltura.