Sangue

A minha dor é silenciosa

Esse silêncio se converte em grito

Um grito seco, de quem é detido

De quem é um risco porque tem pensado

A consciência é indestrutível

E por ter ela sou amaldiçoada

Eu sou bandida, sou a censurada

E a minha luta é um mal traçado

A minha mente é como um abismo

Um muro duro, uma anomalia

Mas mesmo em pranto, meu sangue circula

E alimenta minha rebeldia

Sei que assusta gente informada

Pior ainda é gente inconformada

E é por isso que me apontam crime

Pensar além das correntes e caixas

Eu vou lutar contra essa cegueira

Eu vou lutar contra essa censura

Já sei da guerra, opressão, tortura

Mas o meu sangue é mais que derramado

Eu tenho sangue pra me manter viva,

Eu sinto as mãos e os calafrios,

Mesmo com tantos sintomas vazios

De um mundo injusto e alienado

Quem abre os olhos nunca mais descansa

E quando se sente tão amordaçado

Tão combatido, marginalizado

Sente na vida aquele gosto amargo

A gente odeia, odeia apanhando

A gente ama, ama a cantoria

Nos fins da noite, um tsunami doce

Da sensação de lutar mais um dia

É tão difícil lutar em meio a pedras

Mas mais difícil é aceitar calado

Que lancem pedras, temos nosso escudo

Que é acordar pra não ficar parado

Que ocupemos todos os lugares

Que ocupemos pela consciência

Que não calemos o eu inconsolado

Que nosso sangue chama resistência

Luta, afasta de nós o fascismo

Afasta de nós a censura

Afasta de nós o conformismo

Que a rebeldia seja nosso sangue

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 22/11/2016
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