Um bololô sem fim
Já não tenho remédio
para minha loucura
senão enfrentar o tédio
e dizer que é beleza pura
a tessitura do assédio
que me planta nesse mundo
que tão razo e louco, desbunda
aqueles que chegam ao fundo
de ter uma mente um tanto fecunda.
Eu não sinto e compreendo
os motivos que essa gente
encontra para jogar nitendo
em qualquer de seus recintos
como se minha vida fosse sua
e não suada em labor decente.
Não serei o remédio
para seu desbunde,
tampouco use o seu tédio
para julgar a miúde,
a beleza de minha vida,
se nunca pedi sua atenção,
se nunca fiz preferida
qualquer sua alucinação.
Fecunde-se no sal
de sua loucura,
mas esqueça-me no mal
de sua tortura.
Estou tão cheio de ser
quanto não importo
de não ser
qualquer coisa que eu não conheça,
qualquer loucura não me convença
como a tanga de Foulcaut,
ou as birras de Wilde,
um tanto livres do poder.
Podridão não exorto,
desculpe-me se não sou irmão,
desculpe-me, irmão não ser.
Talvez eu encontre o fim
numa certeza,
ou na dúvida,
ou no perverso Freud
apenas a remanescer.
A descoberta do humanoide:
Esse sexo não é meu,
mas não te dou,
E dou-me, se quiser
Porque é assim que sou.
Eu dou a quem quiser.
Torturam-me as lembranças do Brasil,
ou de um mundo que se perdeu,
ou de um mundo que se descobriu,
ou de um mundo que se concebeu
como um projeto português,
usurpado por americanos dissimulados
num golpe, num globo,
numa nuvem, numa vênus, talvez.
Confabulações e desejos arquitetados,
nas curvas e retas comuns.
Onde a gente decide tudo.
Ou decidem tudo pela gente.
Toda nossa história
a tentar iniciar com um "sim",
ainda totalmente inglória,
em seu "não começo" até o fim.