Nova mente.
Nos carrosséis, somos peões;
A bailarina anda seminua;
Herdeiros soltam rojões;
Em junho, eu olho a lua.
Tenho pensado um palavrão;
Um pensamento de inverno;
Esse calor é do verão;
Esse outubro é eterno.
Nada acontece à primavera;
Esse é o desejo de alguém;
Flores coloridas à espera;
Banquete feito à surdina, meu bem.
Parece quase tudo certo;
Os paulistas são sinceros;
Os baianos veem de perto,
mas Curitiba leva a sério.
Esse país é um carnaval,
mas dançam poucos no salão.
É todo ouro e pouco sal,
para um tempero de agrião.
O que tem a ver esse mistério,
tem tanto padre na igreja;
O que tem der muito sério,
a gente garante essa peleja.
Olha a força desse inverno,
e eu ainda estou sem terno;
nessa dança sem futuro,
esse país é muito duro.
Eu quero um par pra casamento;
Eu quero um trio pro carnaval;
Eu quero a banda do momento,
e um habeas corpus no final.
Eu repito o juramento;
Eu respeito suas cores;
Esqueço o acontecimento;
Me regojizo nessas dores.
Nos carrosséis, mil jumentos;
Tem tanto padre na igreja;
Agora todos querem seu momento;
não importam onde esteja.
Eu sei que detestam o inverno;
Se outubro não está perto;
Tem uma fogueira pro meu terno.
Esses negros não estão certos.
Esses peitos estão abertos;
Eu sei que tem pouco leito,
mas eu deixo pros espertos,
mas eu deito no seu peito.
Nem pareço ter bebido;
Repito o nome de alguém;
Muito disso acontecido;
Eu sei que erro, meu bem.