Degolaram o nosso rio!
Não me peçam rimas ricas,
Mesmo as mais idealizadas
Me escorrem tão vazias...
Tão vazias quanto a vida
De um rio todo perdido
De famílias destroçadas
De um mundo repartido.
Degolaram o nosso rio!
Ele está agonizando
E a lama que depressa corre
O que é vivo vai arrasando.
Tem pressa a mágoa,
Tem pressa a abrangência,
Tem pressa a lama contra a água,
Símbolo da negligência.
Degolaram o nosso rio!
E a gente que está sangrando
Não tem o sangue reconhecido
A lama está camuflando.
Não tem corpo mais visível,
Dessa gente ignorada
Degolaram o nosso rio!
E mais tóxica que a lama
É a Vale desalmada.