Latrocínio da paz
Abrir a janela
Já não tem sido mais
Um flerte com a liberdade
Mas uma mágoa causada pela lembrança do perigo
O portal para uma vida pulsante
Transformou-se em um santo protetor
Vivemos dentro do cofre
Detentor do mais valioso dos dons
O da vida.
O que a senha secreta diria para ela?
Decifrá-las não é necessário
O pássaro já não revela coragem no seu cantar
Agora tímido
Feito o sol de inverno
Que insiste em não queimar o seu próprio medo
Condicionamos-nos a viver pela metade
a nossa cara metade
Nos foi roubada
A comunhão
O que nos resta
É registrar um boletim de ocorrência íntimo
E entendermos que encarceramos
A nossa sensibilidade
Numa prisão de segurança máxima.