Latrocínio da paz

Abrir a janela

Já não tem sido mais

Um flerte com a liberdade

Mas uma mágoa causada pela lembrança do perigo

O portal para uma vida pulsante

Transformou-se em um santo protetor

Vivemos dentro do cofre

Detentor do mais valioso dos dons

O da vida.

O que a senha secreta diria para ela?

Decifrá-las não é necessário

O pássaro já não revela coragem no seu cantar

Agora tímido

Feito o sol de inverno

Que insiste em não queimar o seu próprio medo

Condicionamos-nos a viver pela metade

a nossa cara metade

Nos foi roubada

A comunhão

O que nos resta

É registrar um boletim de ocorrência íntimo

E entendermos que encarceramos

A nossa sensibilidade

Numa prisão de segurança máxima.

Paulo Moraes
Enviado por Paulo Moraes em 13/07/2015
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