Inimigo Abstrato
Quem tu pensas que é para afugentar os sonhos de maneira tão covarde?
Ter-nos como bonecos descartáveis pela manhã, noite ou tarde
Erguendo suas muralhas invisíveis e nos impedindo de transpô-la a todo custo.
Quem tu pensas que é para surrupiar nosso suor de forma tão sutil?
Cozinhar em banho-maria as nossas expectativas e enfraquecer o nosso brio
Definhando os nossos corpos e afugentando a nossa mente sem qualquer susto.
Quem tu pensas que é para invadir as nossas casas e nos paralisar com a sua toxina?
Construir castelos de ouro, em cima das angústias alheias, com olhar de inocente menina
Sorrindo despreocupado, a portas trancafiadas, e sempre elaborando seus nocivos planos.
Quem tu pensas que é para desfrutar do nosso dinheiro sem nenhuma responsabilidade?
Lançar-nos em corredores escuros e pútridos com demasiada destreza e habilidade
Criar argumentos a todo instante para esconder os atos cruéis que se repetem há anos.
Quem tu pensas que é para cravar todos os dias em nosso peito essa enorme lança?
Interromper a caminhada livre daqueles que poderiam ressuscitar a esperança...
Anda soberano por longas avenidas enquanto nós cambaleamos por becos estreitos.
Quem tu pensas que é para afugentar os nossos ideais e limitar os nossos passos?
Moldar o nosso cenário a cada dia que passa com os seus assimétricos traços
Construindo um mundo fictício sem terreno para contestações e direitos.
Alexsandro Menegueli Ferreira 11 de julho de 2015