Não somos todas Veronicas

Mais uma.

Mais uma vítima.

Mais uma pessoa.

Mais uma marginalizada.

Mais uma violentada

Que não pode ser.

Mais uma.

Mais duas.

Mais três.

Mais ...

Mais que não acaba nunca.

E nós vamos lamentar mais uma vez.

Nós vamos dizer que sentimos muito de novo.

Nós vamos ignorar as imagens para não sentirmos mais cólera.

Nós vamos dizer sinto muito de novo.

E nós vamos lamentar mais uma vez.

Mais uma.

Mais duas.

Mais três.

O mais que não acaba nunca.

Vamos caminhar de novo.

Vamos tocar nossa vida.

Mais uma.

Mais duas.

Mais três.

Vamos cruzar a avenida .

Vamos cegar o entalo na garganta.

Vamos comprar mais papel.

Vamos fazer novos posts.

Conter a ânsia com mel...

E nós vamos lamentar mais uma vez.

E mais uma, mais duas, mais três...

Viverão o que não acaba nunca.

Mais quatro, mais cinco, mais seis...

Terão novos tons de roxo;

Terão suas mortes em branco.

E nós vamos seguir de novo.

E vamos rir.

Vamos beber.

Vamos curtir:

Podemos ser!

E a mancha nunca mais sai.

Retoca quando outra sangra,

No mundo do "tanto faz".

Mais uma.

Mais duas.

Mais três...

Infinitamente esquecidas.

E vamos cruzar a avenida

Onde outras caem no chão.

No patamar de onde se lamenta,

Vivemos a mesma opressão?

Nas dores de garganta crônicas...

Secaremos a espuma com a mão.

Lá fora invisíveis Veronicas:

E o mundo fingindo que não.

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 15/04/2015
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