Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura!

No corpo ensaguentado,

Nos membros algemados,

Diante da tortura:

Abaixo a ditadura.

E na fotografia,

Estabiliza o rosto

Em choro, em agonia

Não ver mexer de novo.

Por fora a voz é falha,

Por dentro mais que grita;

Na faca ou na navalha,

A dor lateja e fica.

E agora sobrevive,

Vivendo no terror

Revive, mas desvive

Nos ecos do horror.

E pedem: Ditadura!

Sim à "Revolução!"

Repetem com fissura:

Sim à intervenção!

Quem é que sente o golpe?

Quem é que já sangrou?

Por choque com delírio,

Quem pede já passou?

No temor ensaguentado,

Na mente algemada,

Diante da memória

A dor ultrapassa a História.

Por fora é cicatriz,

Por dentro ainda corre;

No peito infeliz,

No grito que não morre.

Palavras têm poder!

Sussurram o arrepio,

Esbaldam ideologias

De um mundo mais sombrio...

E diante desses gritos

O medo reconfigura...

Se lembra, com gastura:

Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura!

Quem viverá a tortura?

Na dor há uma fissura:

Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura!

O medo reconfigura:

Abaixo a ditadura!

-- Tainá Squisatti. Dedico a todas as pessoas que pedem isso de volta.

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 17/03/2015
Reeditado em 18/03/2015
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