Abaixo a ditadura!
Abaixo a ditadura!
No corpo ensaguentado,
Nos membros algemados,
Diante da tortura:
Abaixo a ditadura.
E na fotografia,
Estabiliza o rosto
Em choro, em agonia
Não ver mexer de novo.
Por fora a voz é falha,
Por dentro mais que grita;
Na faca ou na navalha,
A dor lateja e fica.
E agora sobrevive,
Vivendo no terror
Revive, mas desvive
Nos ecos do horror.
E pedem: Ditadura!
Sim à "Revolução!"
Repetem com fissura:
Sim à intervenção!
Quem é que sente o golpe?
Quem é que já sangrou?
Por choque com delírio,
Quem pede já passou?
No temor ensaguentado,
Na mente algemada,
Diante da memória
A dor ultrapassa a História.
Por fora é cicatriz,
Por dentro ainda corre;
No peito infeliz,
No grito que não morre.
Palavras têm poder!
Sussurram o arrepio,
Esbaldam ideologias
De um mundo mais sombrio...
E diante desses gritos
O medo reconfigura...
Se lembra, com gastura:
Abaixo a ditadura!
Abaixo a ditadura!
Quem viverá a tortura?
Na dor há uma fissura:
Abaixo a ditadura!
Abaixo a ditadura!
Abaixo a ditadura!
O medo reconfigura:
Abaixo a ditadura!
-- Tainá Squisatti. Dedico a todas as pessoas que pedem isso de volta.