Algozes do medo

Suas almas consideradas matáveis pela ignorância

agonizam, vítimas do julgar

esperneiam, pelo não-esquecimento

atormentadas, pelas fortes luzes dos falsos holofotes

A espetacularização do seu penar

é o combustível de um ódio em stand by

traduz a mesquinhez midiática

escancara contradições

Suas almas outrora esquecidas

hoje alimentam a fome dos abutres

causam o fastio dos incrédulos

viram papéis no mercado da especulação preconceituosa

Mas, quem eram eles?

miseráveis de almas moribundas, diria a mesa de bar

os algozes do povo de bem, dizem os amplificadores do desconhecimento

ou os impedidos de ver os horizontes, diz o bom senso

O peso dos estereótipos corcunda o olhar humanista

dá as mãos à mentira genocida

enterra dignidades numa vala comum

Mas, quem eram eles?

almas matáveis em que a morte só deu

nos jornais que só quem é pobre leu

Paulo Moraes
Enviado por Paulo Moraes em 11/02/2015
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