Convenção das bruxas

Não há abóboras alaranjadas,

Nem castelos assombrados;

Não sou mais um conto-de-fadas;

Nem faço frutos enfeitiçados.

Não sai o brilho da fogueira ---

Dos meus olhos, corpo e mente;

E o calor que me incendeia

Faz com que tudo eu enfrente.

Posso chorar sendo bem forte;

Me esconder sem querer fuga;

Posso ficar mesmo na morte,

Que a minha História está na luta!

Enquanto arma a fogueira

E me consome com seu fogo,

Escorro ao vento feito areia

E numa faísca estou de novo!

Só que esse fogo que espalha

Não é de fósforo ou de pedra;

Pois essa chama não tem falha,

É o que te faz arder em queda...

E vai caindo sua muralha!

Sua muralha destruída!

Não há fogueira, nem navalha

Que me tornará vencida!

E vem a Inquisição

Dessa cultura encardida;

Agarro com a minha outra mão,

Lutamos de cabeça erguida!

E vem essa Inquisição

Que agride e mata todo dia!

Não queimará nossa união ---

E eis a nossa bruxaria!

Em memória de todas as mulheres mortas pelos padrões misóginos e machistas-religiosos.

As bruxas ainda vivem.

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 31/10/2014
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