Convenção das bruxas
Não há abóboras alaranjadas,
Nem castelos assombrados;
Não sou mais um conto-de-fadas;
Nem faço frutos enfeitiçados.
Não sai o brilho da fogueira ---
Dos meus olhos, corpo e mente;
E o calor que me incendeia
Faz com que tudo eu enfrente.
Posso chorar sendo bem forte;
Me esconder sem querer fuga;
Posso ficar mesmo na morte,
Que a minha História está na luta!
Enquanto arma a fogueira
E me consome com seu fogo,
Escorro ao vento feito areia
E numa faísca estou de novo!
Só que esse fogo que espalha
Não é de fósforo ou de pedra;
Pois essa chama não tem falha,
É o que te faz arder em queda...
E vai caindo sua muralha!
Sua muralha destruída!
Não há fogueira, nem navalha
Que me tornará vencida!
E vem a Inquisição
Dessa cultura encardida;
Agarro com a minha outra mão,
Lutamos de cabeça erguida!
E vem essa Inquisição
Que agride e mata todo dia!
Não queimará nossa união ---
E eis a nossa bruxaria!
Em memória de todas as mulheres mortas pelos padrões misóginos e machistas-religiosos.
As bruxas ainda vivem.