Azulzinho
Eu olhei pra mão azul
Mas minha mão é amarela
Nunca vi uma mão azul
Que a amarela ser mais bela!
O meu pai me ensinou
Que a cor que ele falou
É a cor que está na gente
E não pode ser diferente
Minha mãe me disse assim
Que eu escolho só pra mim;
Mas se um dia a mão azul
Quiser falar coisas de azul
E sentar perto de mim
Tenho que falar e fim:
Não é verdade o que me diz
É só querer pra ser feliz!
Que esse papo de preconceito
É tudo engano de gente triste
Porque essa coisa não existe
É só você ficar atento!
Eu sempre gostei do amarelo
E vou gostar até ser mais velho
Da cor azul eu já não gosto
Vivam a vida que não me importo!
É só não falar de azul pra mim
É só não ligar quando eu digo
Que a mão azul tem tudo sim
É só pintar pra não ser mendigo!
E que chatice é reclamar!
O tempo todo pedindo direito
A mão azul já escolhe lugar pra sentar
E vem de novo com essa de preconceito!
Olha, azulzinho, eu te respeito!
Me ensinaram que eu vivo aqui
E você sempre quis viver lá!
Não te falaram pra me evitar?
Agora sou mau por mais conquistar?
A minha cor é muito mais bela...
Ela é melhor, muito mais forte!
Sei que o azul também pinta a tela
Só a parte sul, pra amarela é todo o norte!
O norte é maior, tem tela de monte
O sul é pequeno, mas cheio de fonte
Não reclama, tem sua tinta pra você!
E tem papel, agora quer o quê?
Te respeito no seu lugar
Mas não sou obrigado a aceitar
Que o azul pode aqui sentar
E minha parte da tela pintar!
Sem ao menos merecer ficar!