IMPRECAÇÕES DE UM CONDENADO I
Tão frias, como frias
Eram as noites,
Em que madrugando em mim,
Ia da consciência,
À insanidade mais nua,
Na vã esperança de me saber,
Ainda que só por instantes,
Ou por lapsos,
Ocorridos algures, nesta carne
Apodrida, ou por patético
E confrangedor sorriso,
Assim a loucura me agrilhoou,
E vestiu-me paredes,
Que dadas ao portão gradeado,
Apenas reconheciam nelas,
O que em mim há muito já haviam tirado:
A liberdade,
De dela me abster,
Ou cercar-me.
Jorge Humberto in Imprecações de um Condenado
(28/08/2003)