POEMA O EU, NEGRO (SAMBA)

POEMA O EU, NEGRO

AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

Sou negro sim altamente de tanto orgulho,

Sou das linhagens hereditárias africanas,

Não sou insignificante por qualquer bagulho,

Não igual a todos em um todo, pra qualquer situação ou trama.

Já suportei chibatadas incessantes,

Já desbaratei as correntes das senzalas,

Dei leza em muitos capitães do mato, funegante.

Montei quilombolas para servir de refúgios em altas escalas.

Sou dono patrimonial de minha ginga,

Pelo perfume de quem pode obter um perfume,

Ou pelo pudor de quem chama o odor de catinga.

Sou do batuque pelas casas de estuque,

Sou do samba pelas minhas pernas firmes ou bambas.

Posso ser considerado como uma raça ou cor escura a truque,

Mas sou o que sou pelo que permanace como algo superior.

Já suportei resistente a qualquer tipo de dor,

Nunca fui branco, vermelho ou amarelo,

Sou braço firme como um martelo,

Sou da união cercado de diversidades distribuido em elos.

Sou da destemida cor, atribuida cor negra,

Esforçando em mercadoria, pelos trabalhos forçados e exaustivos.

No que sempre fui daqui num também nativo,

A elevar-se como uma causa contributiva e integra.

Carrego méritos em minhas muitas lutas,

Reinvindicando valores nas identitárias normas e condutas.

Venho da África mãe-ventre de todo ser negro,

Que espalhado pelo mundo adapta ao lugar de fundamental apego.

Sou afro descendente em espécie por reencarnação de uma eterna luta,

Sou da cor preta ou negra em minha honrada conduta.

Fujo do tempo pelo tempo escondido uma gruta.

levo no sangue um enxerto fecundo

Em que tenho guardado pelo lugar mais raso ou mais fundo.

Trago na bagagem heranças que destoam crendices,

Pelo tempo que passa cravado no passar dos anos presenteados pelas calvícies.

Sou perquiridor no que sou por questões de emprego,

Sou filho da mãe África que se apresenta pelos sorrisos,

Pelas noites, pelas tardes ou pelas manhãs dos levedos.

Sou insistente, valente e emergente,

Sou originário de um outro distante continente,

Embarcações escravocratas a saudade confidente,

Pelos oceanos das angústias levados pelos pontes.

De vanguarda a guarda que permaneço firme e negro,

Que de pé no chão andava as ruas,

No sol ou sob a lua,

Sem o menor medo,

Sou crioulo ou preto,

Sou sim, negro.

Sou negro comum ou negro beiçudo,

Nariz grosso amassado, ou original achatado,

Talvez perfeiro negro identificado

por seu corpo escudo,

Com a minha carapinha sobre a cabeça,

Apresentado pelo meu real penteado.

O meu estilo é único como genuíno brasileiro,

Negro na pele, negro nos olhos, e nos cabelos,

No ser negro raçudo ou troncudo,

Entendendo que ser negro aqui, é ser negro em qualquer lugar estrangeiro.

Paulo Roberto Giesteira
Enviado por Paulo Roberto Giesteira em 20/03/2014
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T4737262
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