Armas

No disparo inimigo,

O projétil atravessa,

A têmpora do ferido,

Estourando a cabeça.

A espada que fere,

Abrindo a barriga,

Deixando-o inerte,

Expondo as tripas.

Com a faca desembainhada,

Arremessada contra o peito,

Derrubando a pessoa desarmada,

Que tomba com olhos de medo.

O canhão que dispara,

Devastando um local,

Os corpos ele espalha,

Pois sua força é colossal.

Em rajadas de armas,

Estilhaçando desprevenidos,

E suas funções automáticas,

Fazendo o sangue descer em rio.

Ainda contando as balas de borracha,

Atiradas contra olhos curiosos,

Cegando manifestações da gentalha,

Procurando aplacar os furiosos.

E o napalm jogado do alto,

Na nuvem acolhedora,

Que desce mansa em fausto,

Com suas gerações sofredoras.

As baionetas famintas,

Afiadas e prontas,

Abrindo moles barrigas,

Torcendo as pontas.

Os grossos calibres,

Estourando membros,

Exaltando os crimes,

Pedindo o seu silêncio.

Flechas destemidas,

Cortam os ares,

Como leves suicidas,

Antigos kamikazes.

O chicote estala,

Abrindo o couro,

Cortando a fala,

Contendo o choro.

Nos pés distraídos,

As minas atentas,

Amputando famintos,

Traiçoeiras e nojentas.

Já as granadas,

Jogadas com forças,

Causam desgraças,

Matando pessoas.

Uma estaca ou um botão,

A arte da guerra exige,

Que o homem crie em exaustão,

Aquilo que a ele mesmo oprime.

E se cada um apontasse para si,

Cada uma das armas construídas,

Sobrariam armas para o nosso fim,

Pois o estoque é para muitas vidas.

Ainda assim, talvez houvesse,

A consciência do equívoco.

Nossa humanidade se esquece,

Que seu fim será definitivo.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 04/03/2014
Código do texto: T4714675
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