Armas
No disparo inimigo,
O projétil atravessa,
A têmpora do ferido,
Estourando a cabeça.
A espada que fere,
Abrindo a barriga,
Deixando-o inerte,
Expondo as tripas.
Com a faca desembainhada,
Arremessada contra o peito,
Derrubando a pessoa desarmada,
Que tomba com olhos de medo.
O canhão que dispara,
Devastando um local,
Os corpos ele espalha,
Pois sua força é colossal.
Em rajadas de armas,
Estilhaçando desprevenidos,
E suas funções automáticas,
Fazendo o sangue descer em rio.
Ainda contando as balas de borracha,
Atiradas contra olhos curiosos,
Cegando manifestações da gentalha,
Procurando aplacar os furiosos.
E o napalm jogado do alto,
Na nuvem acolhedora,
Que desce mansa em fausto,
Com suas gerações sofredoras.
As baionetas famintas,
Afiadas e prontas,
Abrindo moles barrigas,
Torcendo as pontas.
Os grossos calibres,
Estourando membros,
Exaltando os crimes,
Pedindo o seu silêncio.
Flechas destemidas,
Cortam os ares,
Como leves suicidas,
Antigos kamikazes.
O chicote estala,
Abrindo o couro,
Cortando a fala,
Contendo o choro.
Nos pés distraídos,
As minas atentas,
Amputando famintos,
Traiçoeiras e nojentas.
Já as granadas,
Jogadas com forças,
Causam desgraças,
Matando pessoas.
Uma estaca ou um botão,
A arte da guerra exige,
Que o homem crie em exaustão,
Aquilo que a ele mesmo oprime.
E se cada um apontasse para si,
Cada uma das armas construídas,
Sobrariam armas para o nosso fim,
Pois o estoque é para muitas vidas.
Ainda assim, talvez houvesse,
A consciência do equívoco.
Nossa humanidade se esquece,
Que seu fim será definitivo.