Outra Pedra no Caminho
Caminho ou não caminho?
Ali existe uma pedra,
Que estaciona e causa atrito,
Nem com água ela arreda.
Entope o ureter e faz
O rim parar de funcionar,
Expelindo urina na privada,
Com cor escura ao flutuar.
Não adianta implorar,
Nenhuma divindade irá acudir,
O choro faz a lágrima derramar,
A dor deixa alucinado o indivíduo.
Um pequeno fragmento,
Mas que faz toda a diferença,
Faz da passagem seu aposento,
Prostrando o homem em convalescença.
O mundo parece um absurdo,
Urrando, se agarrando nas paredes,
A voz sai fraca e com pouco uso,
Para o hospital cumprir seus deveres.
Só aumenta a agonia,
Perfurado atrás de veia,
Sangra e pensa na família,
Nunca mais a vida será a mesma.
A sonda invade feito uma serpente,
A anestesia faz bater queixo de frio,
Logo será violado por ser um paciente,
Acamado e aguardando o próximo rito.
O que bebe regurgita,
Não suportando ingerir nada,
Aqui o alienado grita.
Mas sabe que não adianta a sua fala.
Os remédios vão direto para o sangue,
O tempo parece demorar passar,
Cada pessoa que passa parece distante,
Pensa que é preciso o tormento acabar.
O cálculo renal é um homúnculo,
Pronto a invadir e deteriorar o sujeito,
Buscando a dor no seu eu mais profundo,
Fazendo do homem uma espécie de garimpeiro.