Outra Pedra no Caminho

Caminho ou não caminho?

Ali existe uma pedra,

Que estaciona e causa atrito,

Nem com água ela arreda.

Entope o ureter e faz

O rim parar de funcionar,

Expelindo urina na privada,

Com cor escura ao flutuar.

Não adianta implorar,

Nenhuma divindade irá acudir,

O choro faz a lágrima derramar,

A dor deixa alucinado o indivíduo.

Um pequeno fragmento,

Mas que faz toda a diferença,

Faz da passagem seu aposento,

Prostrando o homem em convalescença.

O mundo parece um absurdo,

Urrando, se agarrando nas paredes,

A voz sai fraca e com pouco uso,

Para o hospital cumprir seus deveres.

Só aumenta a agonia,

Perfurado atrás de veia,

Sangra e pensa na família,

Nunca mais a vida será a mesma.

A sonda invade feito uma serpente,

A anestesia faz bater queixo de frio,

Logo será violado por ser um paciente,

Acamado e aguardando o próximo rito.

O que bebe regurgita,

Não suportando ingerir nada,

Aqui o alienado grita.

Mas sabe que não adianta a sua fala.

Os remédios vão direto para o sangue,

O tempo parece demorar passar,

Cada pessoa que passa parece distante,

Pensa que é preciso o tormento acabar.

O cálculo renal é um homúnculo,

Pronto a invadir e deteriorar o sujeito,

Buscando a dor no seu eu mais profundo,

Fazendo do homem uma espécie de garimpeiro.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 21/02/2014
Código do texto: T4700573
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