Seca

Seca

A queima do pavio que produz o fogo gera a luz

No sertão o sertanejo espera sempre uma luz

O óleo ou querosene, o alimento do fogo

A noite vence a luz, vence a lamparina

No sertão a luz vem do céu, de distância infinita

Vem da noite: vaga- lume, de um olho....

Porém, resolvi escrever sobre o sertanejo, sua dor

Se houver amor assim, não quero louvar o amor pequeno

É justo falar da seca, da dor tão difícil de dizer

De vacas magras, de tão magras caem chão

A pele cobre os ossos, de tão fracas perde perdão

Falar de amor é falar de sertão

Sertanejo é amor ao sertão

Ama seus animais, ama a plantação

Quando vê sua plantação, seu gado, sua criação

Os olhos derramam água (lágrimas) que lavam todo o sertão

Salgada aos animais, salgada a plantação

Palmas de palma vive o sertão

O sertanejo ama sua terra, ama seu lugar, mas não ama a dor vivida

Vê, no sertão, chegar a morte

Vê carcaças de animais pelos vários caminhos do sertão

O homem, o Abutre Vê e alimenta-se do alimento do homem

O abutre alimenta-se da morte, alimenta-se da criação

É isso que lhe causa aflição, é isso que o sertão chora, a morte

Não sei quanto de sertão cabe dentro de um homem

Dentro do sertanejo cabe todo o sertão, mesmo em lágrimas...

Macaseixa
Enviado por Macaseixa em 29/01/2014
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