É
É meu caro... Minha cara
É muito caro, mas?!...
Aceite tudo.
Tudo que vier.
Se vier, assim, feito todo pronto,
Aceite a qualquer gosto, o pranto,
Que lhe couber nos olhos.
Tanto quanto o que rasga tuas entranhas,
Todo sofrimento e dor;
Sem pensar em saber o sabor,
Aceite ter que expressar sem espanto, que alguém pisou...
Pisou sim, no teu jardim.
Aceite o penar de cada dia.
E com a barriga cheia de tristeza,
Sepulte a esperança e toda alegria,
Que jazia na alma... Que um dia cismou de plantar no jardim
Onde alguém pisou sem ver por lá sonhos
E trate de esquecer o quanto é maravilhoso,
O sabor da vida.
Mastigue toda comida,
Que puser no prato.
Venda barato teu direito de sorrir.
Mas aceite, aceite, aceite, por favor,
Tudo... Tudo que o silêncio te contar.
Não mastiga engula, só engula.
Com todo gosto e gula.
Que te traz toda emoção,
De ser mais um rosto em plena multidão.
Vendo gente comendo os sonhos,
E sonhado sem comer.
Goze do mesmo cálice.
Cale-se se alguém te ordenar.
Se a verdade te pesar no coração.
É isso aí!
Nem sonhe, ao menos em ter sonhos.
E finja não ser capaz de mudar.
E no fim um final feliz.