Marcas

Que pés são esses

Que deixam marcas tão profundas,

De escolhas e histórias.

Que olhos são esses

Que penetram na alma,

Mesmo quando estão fechados.

Que mão são essas

Que calejadas insistem em acariciar,

O rosto do teu amor, do teu inimigo, do teu intimo.

Que voz é essa

Que penetra e ecoa,

No vazio da alma, na mente perturbada.

Porque insistes em lutar?

Porque insistes em viver?

Porque insistes em chorar?

Não basta que teu corpo seja a prova do tempo?

Tão pouco as cicatrizes de teus erros e de teus acertos.

Que sobras desejam ter

Se somente o pó vai sobrar,

O silencio ensurdecedor

Ira dilacerar os desejos mais íntimos,

Mesmo o de vida e o que tiver em morte.