Sobras

São sobras e apenas isto

De tempo, esperança, descrença

De comida, de sonhos, de maldição.

De humanidade, dignidade, bondade,

Oferecida aos porcos, ratos tão desprezados.

Peles em decomposição, olhares tortos

Prédios em ruínas, sociedade corrompida.

Mal dizeres, que trazem as velhas novas!

Uma idolatria arcaica que poda o que é assombro.

E toda sombra sente a dor de uma alma colorida

Mesmo que seja envolto de sacos pretos

Pra se proteger dos azedos dedos do destino.

São restos de histórias, mistura clássica popular

Ignorância, indiferença, distração, corrupção,

Ingredientes de uma fraca socialização.