OS MENINOS DA PRAÇA...

A noite é fria igualzinha aos outros

Que iguais sombras

Invadem pouco a pouco

A rua

O sono

O sonho

O corpo

De meninos

Que aquecem a felicidade...

Suas vidas

Por debaixo de cobertores

Velando seus desejos

Que somente eles vêem

N’outro...

Ou num lugar outro!

A iluminação vem da Candeia

Vem a manhã!

A Luz?

De Nossa Senhora de Toda Noite...

Qualquer dia!

Da Mãe de Jesus Pequetitinho!

Em ruas quentes ou frias!

Vem da Mãe...

Protetora!

Dos meninos ou meninas na Praça

Que benze seus corpos:

Dos doces amargos!

Do Cosme-Damião de mentira

Das bombas envenenadas

Das balas envermelhadas

Da madrugada!

A noite ta ainda escura

Contínua...

Fria!

Frios continuam também os outros

Os corpos sem vigília

Quase não se vê quase nada!

Só sonhos adormecidos sozinhos na Praça...

Candelária!

Papumm!

Papa pumpummm!

Ratata bum bum!

Ratatata... Ratatata!

Ta...

Ta...

Ta!

Os homens macularam em vermelho toda a madrugada

A luz do dia

Trouxe mães desoladas

Deixou amanhecer nenhum!

Pro amanhã?

Não há mais Moinhos

Nem as certezas

Tampouco vontades...

Pra um the end feliz

Dos sonhos de mocinhos!

Agora...

A ciranda-cirandinha ta fria

Não tem mais pique-bandeira...

Amarelinha...

Nem brincadeiras de ta-contigo!

Só polícia-ladrão!

Candelária!

Candelária!

Candelária...

Caminhar é o rito

Pra que nunca mais se reprise

A Praça...

Os meninos...

As meninas...

Vítimas da farda!

Candelária!

Candelária!

Candelária!

Sempre...

Caminhar é pirraça!

Sempre...

É louvação de amor

Sempre...

É gangorra de celebração!

Sempre...

É pêra-uva-maçã...

É graça!

Candelária é a Caminhada

É a birra da indignação!

GuimarãesCampos
Enviado por GuimarãesCampos em 21/07/2012
Reeditado em 19/01/2014
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