Labirintite e Terremoto
Não demoro o olhar em um ponto fixo
Nas ruas os carros passeiam velozes
As placas anunciam meu biótipo
E as vozes em coro ressignificam
Não adianta tapar os ouvidos
Fechar os olhos
Calar a boca
Sou multidão
E com muitos, e como todos
Estou tropeçando em caminhos que já percorri
Até que meus passos esburaquem o chão
Como falar se as palavras são ditadas rapidamente
Tal que não se reconheça o som que sai da boca
Como enxergar se os objetos saltam aos olhos
E me impedem de vê-los com foco
Como ouvir se entre produtos e em linha de produção
Só se escuta o burburinho das máquinas
Assim sou,
Ainda que documento com foto
E número de série
E protocolo.