CASO SÉTIMO GARIBALDI

Poema declamado em 27/04/2012, por ocasião do Seminário de Direitos Humanos, da UFPB, com o Prof. Dr. Sven Peterke.

Vinte e sete de novembro

Noventa e oito o ano

Bandidos encapuzados

Usando astúcia e engano

Invadiram a Fazenda

São Francisco, e em contenda,

Desenvolveram vil plano

Dizendo-se policiais

Usaram de violência

Contra o acampamento

Na cidade de Querência

Do Norte, do MST.

Tristeza, digo a você

Crueldade e inclemência

Os pobres trabalhadores

Corriam pra todo lado

O Sétimo Garibaldi

Na coxa foi baleado

Ficou sem atendimento

De forma que o ferimento

Levou-o a óbito, coitado!

Foi preso Ailton Lobato

Da fazenda o gerente

Mas Morival, fazendeiro

Só por ter a costa quente

Escapou sem sofrer dano

Aumentando o desengano

Dessa sofredora gente

Cria álibi, cria prova,

Para enganar a justiça

Morival aproveitando

Da indolência, preguiça,

Do nosso judiciário

Apostou no ideário

Do descaso e da cobiça

A Elisabeth Khater

Indeferiu a prisão

E com um simples despacho

Sem a fundamentação

Liberou o pistoleiro

Mas prender o desordeiro

Seria a sua missão

Quase cinco anos depois

Cansados de esperar

Da justiça do Brasil

Sem nada solucionar

Enviaram petição

Contra a “investigação”

À CIDH , OEA

Movimento MST

Da Terra a Pastoral

Advogados Populares

E a Justiça Global

Mais a Terra de Direitos

Formalizaram seus pleitos

Numa ação sensacional

12/05/2004

A despeito dos indícios

Do crime e da autoria

Pede o Ministério Público

O arquivo, quem diria

Do inquérito policial

E Khater faz este mal

Sem tecer menor porfia

Os direitos às garantias

O Estado violou

A CIDH OEA

Prontamente declarou

O Artigo 8.1

E o 25.1

Da Convenção, apontou!

Depois de onze anos

A sentença anuncia

A Corte Interamericana

Como a vanguarda queria

Condenando o Estado

Por haver desrespeitado

A judicial garantia

A OEA considerou

O nosso país culpado

Por não responsab’lizar

Quem havia assassinado

O trabalhador rural

Judiciário parcial

Por ter o direito negado

Governo Lerner, Paraná -1994-2002

Durante o Governo Lerner

Esse caso aconteceu

E grande perseguição

AO MST se deu

Ruralistas se uniram

Autoridades agiram

E a violência ocorreu

Dezesseis trabalhadores

Morreram no Paraná

Mais de quinhentas prisões

Arbitrárias, se deu lá

Ameaças e tortura

Lesões, dores, amargura

Na terra desse paxá

É Direito Internacional

Que toda violação

Que tenha causado dano

Haja a reparação

Artigo sessenta e três

A Corte, digo a vocês

Fez essa aplicação

Somente em 2010

Deu-se a reparação

E através do Decreto (7.307, de 22/09/2010)

Ocorreu a promoção

Para sentir o Brasil

Que resolver no fuzil

É cruel violação

Iracema recebeu (US$ 52.142,86)

É de Darsônia a fração (US$ 21.142,86)

O valor de Vanderlei (US$ 21.142,86)

De Fernando, seu irmão (US$ 21.142,86)

Para Itamar rendeu (US$ 21.142,86)

O Itacir percebeu (US$ 21.142,86)

E Alexandre, o quinhão (US$ 21.142,86)

Não traz o Sétimo de volta

Mas mostra para o Estado

Que violando os Direitos

Humanos, é condenado,

E alerta a população

Para que preste atenção

No direito consagrado