Pés descalços
Venho com os pés descalços
Sem pedras na mão,
Venho com as mãos calejadas,
Com dor no coração.
Trago na mente cansada
Esperança e um pouco de ilusão.
A fome já não faz diferença
Para quem a noite chora,
Implorando por morte
No amanhecer da solidão.
A dor, por ser invisível,
Machuca apenas e somente meu coração.
Já não trago em meus olhos a certeza
De que dias melhores, em algum momento virão.
Pobre de mim indigente,
Que sobrevivo às margens da sociedade,
Implorando por piedade, água e pão.