Aldeia de alegria e desconforto

A cada dia que passa mais morro,

Aldeia de alegria e desconforto;

Deveria saber que nada dura muito tempo,

Mas sempre a insistência pelo amor derradeiro.

E quem se lembra de agosto ou setembro,

Quando a folhinha do calendário é amassada

Agora mesmo?

Você dobra a esquina e encontra um acalento;

Esquece. As avenidas, ainda, se cruzam no desespero.

Sou agora o sono por dentro

Ouvindo a família e a novela do momento.

E quem se lembra do roubo vil

E do assassinato sem esclarecimento?

E quem resiste em dar à corrupção

O devido esquecimento?

Aquele que dorme com a guerra e acorda morto?

Aquele que insiste, erra e vive como aborto?

Nós somos os deuses moribundos de uma crença esquecida,

Nós somos os vermes comendo a carne sem vida.

Nós somos a própria idéia de humanidade falha,

Insistindo na luta e na ânsia pela medalha.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 07/10/2011
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