" Vida Fácil"!

Seio em botão, imaturo,

que no tecido barato,

transparecia de fato

mostrando mamilo escuro.

Coxas da tenra idade

em sua pré-puberdade

em toda extensão se via

quando os braços desnutridos

para mim ela estendia,

o que elevava o vestido!

Uma criança morena

que sangrou o meu coração

era a estrela da cena

no estribo do caminhão

adolescente pequena

num vestido de algodão!

Os lábios que de vermelho

forte batom coloria

não disfarçavam o medo

que esta criança sentia.

Nos olhos os olhar sapeca

que forçado ela exibia

demonstravam a tempestade

que lhe passava na alma

enquanto o corpo vendia!

“Eu não cobro caro, moço,

não comi o dia inteiro

se tiver pouco dinheiro

eu faço por um almoço;

mas se acaso achar muito

me dá só o que puder

que se não bater em mim,

eu faço o que o senhor quiser;

-e só por 15 reais-,

mas se quiser me bater,

então tem que pagar mais!”

Geme um coração de pai,

tão alto quanto à turbina

que me arrasta o treminhão

no posto de gasolina,

mundo cão dos desiguais

cadê o Deus dessa menina?

Diz que justiça Ele faz,

e se é por esta que Ele prima!

(Agradeço o poeta Miguel Jacó pela interação)

Mundo cão sem estribeiras,

Nos enfada e aborrece,

Muitos vivem a vida inteira,

Outros não tem o que merecem,

É difícil compreender-se,

O castigo desta menina,

E a sorte que norteia,

O ladrão de cada esquina.

( E ao poeta Gilson Fautino Maia)

Cena, amigo, que consiste

para nós um grande teste.

Nossa alma, então, se reveste

do bem ou do mal que existe

no fundo do coração:

eis a avaliação!

Homem de bem, não caíste

na tentação passageira.

A mão do Pai, conselheira,

evitou um final triste.

JJ Braga Neto
Enviado por JJ Braga Neto em 05/09/2011
Reeditado em 06/09/2011
Código do texto: T3201450