Com 22 anos me casei e vim do Paraná para o Mato Grosso;
já na Amazônia Legal, não tive medo de fazer o
necessário, quando era necessário que fosse feito.
No meio da mata, em uma escolinha de madeira, fui o primeiro
professor de português, pioneiros na educação, lecionavamos a luz de lampiões, até a transformarmos numa Escola Independente; fui vereador e criei o
distrito, para em seguida o emancipar e torna-lo o município de Nova Maringa-MT, onde apos ser eleito o
seu primeiro Prefeito, 1993/96, implanta-lo no meio da selva.
Dado a esse trabalho tenho varias homenagens , comendas,
títulos, moções, material tão falsos quanto a maioria dos
que me concederam tais honrarias .
Os momentos inesquecíveis na minha memória, são das
pessoas que morreram nas nossas estradas, atolada em
barreiros, em especial, uma criança que morreu com a
cabeça no meu colo.
Houveram outras, mas essa me marcou mais; acho que pela
impotência do momento e pela raiva do descaso com nossa
realidade nesse canto do mundo, onde viemos incentivados
por um Governo Federal que nos abandonou à própria sorte
e depois de vencermos à custa do nosso sangue suor e
lágrimas, nos trata como bandidos destruidores, sem
assumirem que fomos peças de xadrez no tabuleiro da
Política Nacional, que na época nos queria onde estamos
para abrirmos fronteiras na mata.
Para amenizar o sofrimento coletivo, me aventurei pelos
caminhos da política, fiz o que era necessário ser feito,
mas para isso, convivi com o que não gosto e por fim me
desiludi com o ser humano.
Afastei-me do povo me tornando carreteiro e isolado na
cabine vi e escrevi por muito tempo, (e por muitos quilômetros), o meu jeito de ver o mundo.
Fui um sobrevivente que na insônia da noite, na cabine de caminhão,
rabiscava versos pra esquecer coisas amargas.
Não me considero um artista, sou leigo e os poemas que
escrevo, vêm naturalmente, sem dia, nem hora, sem que eu
tenha controle sobre eles e por isso, nem poeta me
considero, pois sou apenas um "psicógrafo do coração”.
Sempre fui um romântico inveterado, sempre fui apaixonado
por poesias, mas escreve-las, jamais passou por minha
mente; até que vi a minha primeira poesia pendurada no papel, aí
não consegui mais parar; e foi algo que me fez muito bem
à alma.
Jamais pensei em escrever profissionalmente, mesmo porque
no Brasil, não se sobrevive de poesias, pois apesar de
termos muito mais amantes de poesia do que se presume, as
editoras, (e a mídia), preferem amenidades vendáveis,
mesmo que o conteúdo seja um BBB da vida.
Por outro lado sempre pensei que escrever por dinheiro
seria o mesmo que vender alguém querido, pois cada poema
é feito por, ou para alguém especial.
Partindo da premissa que um homem pra deixar sua marca na
vida precisa ter um filho, plantar uma árvore e escrever
um livro; tendo amado, tido duas filhas maravilhosas,
plantado esperanças e uma cidade no meio das arvores do
Mato Grosso e muitas arvores nessa cidade; editei um
livro “Caminhos da Alma” só pra fechar a conta, mas nao
tenho ideia de fazer outro.
Porém, tambem não era minha intenção voltar pra política e no entanto o fiz, em outubro de 2012, quando quis o destino, Deus e o povo da minha cidade, que eu voltasse à chefia do Poder Executivo Municipal, para o segundo mandato (2013/17) e depois um terceiro, (2017/20).
Num pais que da vergonha dizer que sou politico, orgulhosamente terminei meu terceiro mandato probo e pobre, sem jamais ter sido processado em 40 anos de vida publica e ficha limpa.
Desse modo, a poesia saiu lucrando bastante, pois a politica me afastou mais de uma década, da poesia e do Recanto das Letras.
Deve ter sido um pedido de Petrarca, Vinicios, Castro Alves, ou outro poeta
la com Deus pra ajudar os versos aqui na terra.
Agora, avô de 3 netos, velho e cansado, resolvi voltar para o meio dos poetas, para pelo menos ler e me fartar da beleza da vossa arte.
Esperei 4 anos após sair, (uma quarentena), depois que terminou meu terceiro mandato de prefeito, para desintoxicar a alma que por mais que a gente cuide, acaba sendo embrutecida pela política.
E sim, mesmo velho, já comprei outro caminhão e de novo estou nas estradas.
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