O Pão Nosso

O pão é o alimento popular,

Justamente pelo valor baixo,

Dizem que é digno dele provar,

Qualquer um, com ou sem trabalho.

Em romances que tratam de épocas passadas,

Falam inclusive dos pães pretos difamados,

Talvez um racismo alimentício de outras moradas,

Hoje todos podem provar o pão pálido.

As formas de prová-lo são diversas,

Seja a manteiga no café da manhã,

Um misto quente que fazem até entrega,

Existem em formas de croissant.

Pão dormido que serve de arma,

Idosos tem hábito de molhar no copo,

Fazem a festa de manhã ao sair a fornada,

Com fungos são considerados impróprios.

O pão se tornou de gosto refinado,

Comparam mulher bonita a ele,

Não falta nem em ambientes requintados,

Alimenta outros animais diversas vezes.

Mas é na miséria que ele é estimado,

Com gana busca-se uma beirada,

Um consolo para o pobre esfomeado,

Não aparece ajuda satisfatória nesa estrada.

Mesmo o messias multiplicador de pães,

Não faz mais dos seus milagres,

Disputa-se comida no lixão com cães,

Crianças feito porcos comendo lavagem.

Só precisavam de um pãozinho diário,

Olha que tem padeiro com o pão comprometido,

Quem fabrica não é beneficiado,

Coisas que socialismos dizem ter compreendido.

Não existe nem sentido na oração,

O pão nosso de cada dia é pão deles,

Alimento de público seleto para apreciação,

Deixando com a barriga vazia muitos fregueses.

Até pra tortura o pão é símbolo,

Pão e água dizem que será a dieta do condenado,

Dizem que enfraquece o ânimo do detido,

Pães que tem serventia a deus e depois ao diabo.

Imagino a difícil peleja,

Saber quem de direito,

Pertence o pão que o povo ceia,

Briga que não se pode dar jeito.

O próprio pão que o diabo amassou,

Em formato de cascos, dizem entendidos,

Tipo folha de planta pata-de-vaca que secou,

Coisa esquisita e que mete medo em muito menino.

Cada lugar tem sua cultura de pão,

Enrolados nas areias, embaixo do braço carregado,

Não se pode passar pela vida sem esse prazer glutão,

O cheirinho de manhã cedo abre o apetite do proletário.

Essa seria a genealogia adequada,

De uma expressão "massa popular",

Pois é variada e multiplicada,

Tentando atender a maioria no paladar.

O padeiro sem milagres,

Apenas com as ordens do patrão,

Produz com seu desgaste,

Dando aos lares sua sagrada refeição.

Os pássaros se fartam com miolinhos,

Ou quem sabe restos caídos ao chão,

Uns fazem pudim que leva ao delírio,

Outros torradas para comer com requeijão.

Ainda existe o partir das bandas,

Com teorias sobre o lado sempre cai para baixo,

Não passam de lendas metropolitanas,

Se comer a seco todos provocam um engasgo.

Pãos mágicos que ajudam nos sortilégios,

Cada um provando a seu modo,

Para os que conseguem ter esse privilégio,

Para a maioria matar a fome antes de qualquer troço.

Pão de várias línguas, o comum é o francês,

Pão de ló que parece nome de nota musical,

Fizeram até doce para todo gosto que se fez,

Aumentando o interesse do fabrico industrial.

Que se faça lei, coloquem na constituição,

Direito de todos ao pão, mas não apenas no papel escrito,

Tem que valer na prática essa pertinente jurisdição,

Senão, façam a "Revolução dos Sem Direito ao Pão Nosso", está decidido.