Toque
Não falarei de rosas ou crisântemos
neste mundo devastado pela chuva,
no qual tropeço em esqueletos
alinhados no chão.
Chamo corrupção
a este mal insano
cortado em róseas auréolas
e mastigadas a sangue frio
bem à frente dos meus olhos,
na mesma rua onde moro.
Seja qual for o meu protesto
contra as histórias sem futuro,
assisto bocas sem dentes,
que sorriem ao falso riso.
Chamo de incultura
os sonhos obesos
plantados em terra de fins lucrativos
e adubados prematuramente
ao ressurgir do velho amanhecer
por cimitarras desprovidas de ética.
Lembram-se – ao menos –
daqueles que tocaram?
Rio de Janeiro, 18 de julho de 2011 – 3h49