POEMA ARMADO

para o mano Márcio Barbosa

Que o poema venha cantando

ao ritmo contagiante do batuque

um canto quente de força,

coragem, afeto, união

Que o poema venha carregado

de amarguras, dores,

mágoas, medos,

feridas, fomes...

Que o poema venha armado

e metralhe a sangue-frio

palavras flamejantes de revoltas

palavras prenhes de serras e punhais...

Que o poema venha alicerçado

e traga em suas bases

palavras tijolantes,

pontos cimentantes,

portas, chaves, tetos, muros

E construa solidamente

uma fortaleza de fé

naqueles que engordam

o exército dos desesperados

Para que nenhuma fera

não mais galgue escadas

à custa de necessidades iludidas...

E nem mais se sustente

com carne, suor e sangue

de um povo emparedado e sugado

nos engenhos da exploração!

Publicado originalmente em Cadernos Negros 7, poesias, edição dos autores, 1984.

Acessível também em: http://kotodianguako.blogspot.com/2006/05/poema-armado.html

OUBÍ INAÊ KIBUKO
Enviado por OUBÍ INAÊ KIBUKO em 03/12/2006
Reeditado em 16/12/2006
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