Os Dedos

Esse dedo,

Conjunto de falanges,

Se faz inteiro.

Aponta culpados,

Afasta o outro de nós,

Muitos são quebrados,

Por conta de torção atroz.

Próximo aos lábios,

Pede o silêncio,

Recolhe-se o do sábio.

Muda o significado,

Conforme a quantidade,

Retos ou virados,

Mudam com a idade.

O do meio pode xingar,

Com dois temos paz,

Todos servem pra contar.

Dependendo do gesto,

Recebemos retribuição,

Uns tem sentido indigesto,

Outros causam comoção.

Neles colocamos a aliança,

Além da figa dar sorte,

Também estabelecem confiança.

Aquelas pontas dos dedos,

Fazem carícias que arrepiam,

Certas dedadas causam medo,

Um clique e nos contaminam.

Valor da digital,

Identificam o sujeito,

Pro bem ou pro mal.

Os dedos detonam uma bomba,

Também digitam belos versos,

Humilham alguém em afronta,

Masturbam a mulher em seu sexo.

Dedo decepado,

Feito de ex-presidente,

Outros são calejados.

Entram orifícios,

Por prazer sexual,

Limpeza de muco retido,

Exame de toque retal.

Viram monumento,

Pra alguns é serio,

Pra muitos, divertimento.

Dedo político, econômico,

Cético, religioso, justo, caridoso,

Pornográfico, gastronômico,

Técnico, burguês, proletário, nervoso.

Suspeito, ignorado criminoso,

Trêmulo, apodrecido,

Envergonhado, pecaminoso.

Muitos pedem uma mãozinha,

Mas um dedinho já resolveria,

Tentando alcançar em uma gretinha,

Ou o clique salvador na agonia.

Até um deus tem dedo,

Mais fácil condenar,

Fazer curvar de medo.

Indicador para fazer apontamento,

Polegar que por oposição,

Nos faz espécie de raros talentos,

Anelar que não tem só essa função.

O do meio que é sugestivo,

Mindinho reprimido,

Os dos pés também são criativos.

Contorcendo-os temos um “ok” de sinal,

Uns fazem o símbolo do capeta,

As variedades de sinais são sem igual,

Surdos e mudos dominam com destreza.

Os meus deixam de aqui digitar,

É preciso operar outras funções,

Muitas tarefas eles hão de realizar.