“Mais solitário que um paulistano.”
“Mais solitário que um paulistano.”
Há tanto não consigo parar e pensar comigo,
Entre tantas outras coisas.
O mundo ficou gigantesco.
Os limites se expandiram,
Minha imaginação andava e ainda está tão fraca.
(agora revejo, ainda há muito, muito tempo.)
Vejo o mundo e o vejo, e o vejo também.
(O vejo com especial carinho.)
As pernas andam automaticamente.
(Sempre pensando no que vejo.)
Os olhos por vezes se fecham enquanto as pernas andam,
E quando se abrem, dão conta de que já estão muito longe.
(Andei pensando no que vejo.)
A visão turva quando o vento bate contra o peito,
A cabeça baixa para não encarar os carros - que vêm contra mim,
As pernas pulam, eles jogam água, a água jorra -
A cabeça baixa para se proteger da garoa,
A cabeça baixa, a cabeça pensativa quando as pernas andam.
Sozinha.
Sempre falando qualquer coisa com alguém, qualquer coisa.
Nada de especial. Nada do que eu queria falar sinceramente.
Quando sozinha, dormindo, divagando no vazio da outra dimensão do universo,
Pensando em preocupações alheias. Ai, minhas tantas apendicites,
(Acumulo-as como hobby)
Pensando no sorriso que dou quando estou com outra pessoa,
E respirando fundo o perfume, apertando contra a pele do rosto,
Arrancando pele morta com as unhas.
Toc toc de sapato:
Turva visão em garoa.
“Hm, curva de nível boa...”
Falando para me manter sã.
Falando com maçãs...
Preocupações demais.
Oscilações banais.
Eu ainda sou eu mesma nesse primeiro semestre de dois mil e onze.
Data:
Dois anos e dois dias sem A.F.-1 .
Vinte e quatro meses e dois dias sem A.F.-2.
Três anos noves meses e dezoito dias sem A.F.-1.
Quarenta e cinco meses e dezoito dias sem A.F.-2.
Ultima edição: 22 de maio de 2011
Nomes retirado em respeito à continuidade e fluição da vida.
“Mais solitário que um paulistano.” - trecho da música Telegrama, composta e interpretada por Zeca Baleiro