O Homem de Preto

Figura singular,

Com trajes pretos,

Era fácil identificar,

Se destacava no meio.

As indumentárias tem seu propósito,

As cores acompanham a serventia,

Dependendo da cultura mudam-se os modos,

Mas é pra cobrir o corpo que são produzidas.

Mas o sujeito andava com roupa negra,

Mesmo em terras tropicas,

Não queria andar colorido com a maioria escolhera,

Seus motivos o distanciava de seus iguais.

Alguém argumentava que era cor de luto,

Mas logo respondia que depende da tradição,

Outros que era mau agouro um traje noturno,

Mas rindo dizia que não passava de mistificação.

Os amigos faziam comparações com nomes famosos,

Pra não ficar atrás falava de Fernando Pessoa,

Se é para rivalizar as roupas com esse propósito,

O grande pensador lusitano o argumento alheio destoa.

Aguentava as caçoadas de quem repele o diferente,

Sem saber que cada um é distinto por diversos motivos,

Sabia que o falso igualitarismo era ideário de quem mente,

O todo é feito assim para agregar tão díspares indivíduos.

A avó argumentava que a cor prejudicava,

Pois atraía o calor dos raios solares,

Achava graça dessa teoria divulgada,

O que causava calor era o tecido que usasse.

Nos velórios sempre repetiam,

Que estava com traje apropriado antecipadamente,

Uns religiosos fervorosos repeliam,

Outros classificavam de gótico ou algo mais contundente.

Nem se dão conta quando começara,

As roupas coloridas foram acabando,

As pretas substituindo as que deixara,

No final era tudo da mesma cor no compartimento.

Um amigo mais íntimo,

Disse que parecia o guarda-roupa do Batman, o Homem-Morcego.

Mas logo ele corrigiu,

Guarda-roupa quem tem é o Bruce Wayne, que usa todo tipo de cor.

No meio do público era logo localizado,

Mas depedendo da companhia era disfarçado,

Bastava ambiente de rockeiros uniformizados,

Ou alguma ocasião que todos estavam assim estilizados.

E a perguntava permanecia na mente,

Tanto do sujeito quanto das outras pessoas,

Porque decidiu mudar de repente,

Parecia não haver respostas para certa coisas.

Num dia qualquer o rapaz mudou a cor,

Incluiu uma peça vermelha,

O povo pensava e agora porque motivo mudou?

Mais uma indagação à espreita.

Foi quando de súbito compreendeu,

A questão não era a cor,

Mas as pessoas com quem conviveu,

Elas lhe davam um sentido oposto.

De forma geral, as maiorias,

Gostam de procurar vestígios,

De algo que esteja à revelia,

Uma fuga desse mesmismo.

Os párias de uma sociedade,

Na verdade não são o que há de ruim nelas,

Mas a contradição de sua social personalidade,

Uma relação de forças que no meio se revela.

Os que são retirados, enfermos ou prisioneiros,

Buscam ser esquecidos para manter a ordem,

Mas sempre vai existir um sujeito que usa preto,

As pessoas vão se acostumar com sua desordem.

Quando este resolver mudar,

Já terá contaminado o ambiente,

As pessoas não aceitarão o que antes diziam desejar,

Pois perderão seu referencial de expiação excludente.