O Filho-Pai
Ontem mesmo estava na escola,
Acordava tarde no final de semana,
Ia com a rapaziada jogar bola,
Quando aprontava levava bronca.
Nem me dei conta de tudo isso,
De como minha mãe fazia o almoço,
Como isso tudo me fazia sentir vivo,
Aquele adolescência, hormônios em alvoroço.
Agora provei do sexo,
Muito bom por sinal,
Mas algo não deu certo,
Engravidei de forma acidental.
Falam de preservativos,
Mas nem nos preocupamos,
Nem importava o risco,
A rebeldia, ela destruiu meus planos.
Agora sou pai,
Tarefa difícil,
Como se faz?
Ainda sou filho.
Não sei caminhar sozinho,
Como posso ensinar ao meu filho,
As minhas lições não cumpri a princípio,
Agora preciso tentar agir diante desse nascido.
Um filho tentando educar outro filho,
Só poder dar errado isso, eu garanto,
Meu pai também é filho, mas por outro motivo,
Ele amadureceu, perdeu o infantil encanto.
Eu ainda nem sei como é trabalhar,
O que é arcar com as desespesas dosméticas,
A mãe que organiza tudo no lar,
Minha garota também não conhece tarefas.
Somos dois irresponsáveis,
Com uma responsabilidade em mãos,
Recebemos críticas abomináveis,
Agora já existe gente com solidarização.
Daqui a pouco o menino cresce,
Talvez eu já tenha algum conteúdo,
Vou falar que tive ele ainda moleque,
Para que ele tente não comtere esse absurdo.
Não me explicaram que eu podia ser pai,
Mesmo ainda sendo um jovem filho,
Vi esse drama com muitos e muitos casais,
Hoje é diferente de saber, pois eu vivo isso.
E a mãe dessa criança,
Será que vamos ficar juntos?
O bebê é a incontestável aliança,
Mesmo que cada um siga um rumo.
Também me preocupo com ela,
Pior é a sua transformação,
O corpo vai modificar antes da época,
Vai ser motivo de falação.
Um ato muda mesmo a realidade,
Não apenas a nossa própria,
Envolve todos da nossa cotidianidade,
Até quem acabou de entrar na história.
Minha esperança enquanto Filho-Pai,
É no futuro ser um bom Pai-Filho,
A vida diante disso prossegue e tanto faz,
Mantenho a angústia apenas por imaturo pessimismo.