Preservativo
Aquela cena de tantos,
Estar no ápice sexual,
De repente, um espanto,
Paralizar o ato natural.
O nome se refere a preservar,
Dizem que do contágio de doenças,
Mas o preservativo também pode privar,
De uma ereção, por falta de experiência.
O ritual de pegar a embalagem quadrada,
Abrir o lacre com cuidado para não destruir o produto,
Segurar as bordas e ver o lado certo e dar uma soprada,
Para só depois ir desenrolando sobre o membro duro.
Aquele óleo lubrificante de cheiro nauseante,
O líquido pegajoso que sentimos impregnar,
A lubricação no ato dura poucos instantes,
Mas a que fica na embalagem para sempre durar.
Observa o órgão encapado,
Feito aqueles sujeitos com capa de chuva,
Só que o objetivo é ensopar,
Inclusive por dentro, mas sem que o sêmen fuja.
O gosto não é dos mais agradáveis,
Vez ou outra alguém suga o membro vestido,
Depois no beijo, o gosto de sabores desagradáveis,
A um sexo plastificado e industrial estava reduzido.
Por mais que tenha a emoção no ato,
Acaba recordando-se de expressões,
Como "bala com papel", que fiasco,
Muito homem sofre nessas tensões.
Apelidaram de forma carinhosa, "camisinha",
Mas se é tão curta, porque não tirá-la de uma vez,
Ficamos com a sensação de que temos uma coisinha,
Algo entre, onde somente dois deveria haver.
Tristeza estarmos relegados ao amor embrulhado,
Não é atoa que muitos já se satisfazem,
Com aqueles bonecos c sonsolos de plástico,
Látex por látex, os sujeitos assim interagem.
Ainda existe o risco de romper,
Tanto sacrifício que pode ser em vão,
Além de não conseguir 100% se proteger,
Sempre existe uma possibilidade de infecção.
Também previne a gravidez,
Antes ejaculava-se ao léu, descompromissado,
Agora aprisionamos a fluidez,
Esperma retido, gozo preso e com um nó é lacrado.
Quando andamos pelas ruas,
Podemos encontrar um usado,
A recordação logo se insinua,
Uma risadinha e um olhar atravessado.
Os mais recatados acham uma afronta,
Fere o princípio de honestidade matrimonial,
Mas sabem no fundo que o homem apronta,
Mais cedo ou mais tarde vestirá um para evitar o "mal".
As garotas de programa levam a sério,
Sem contar que dão um tom ainda mais maquinal,
Aquele cenário de pecúnia para conseguir sexo,
Quanto menos contato com o cliente, melhor pra sua moral.
A imaginação é fértil, utiliza-se de diversos formas,
Podem soprar como uma bexiga, dando contornos engraçados,
Diversas qualidades com aromas, gostos, muitos atrativos comporta,
Atendendo sutilezas, como a anatomia de tamanhos variados.
Será que um dia o normal será fazer com isso?
E o broxar acontecerá quando retirar o invólucro,
Podemos ir além, pensando no crescimento do virtualismo,
Onde não existirá mais tocar, apenas prisão em um estado hipnótico.